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O Inconsciente em Cena: Relações Professor-Aluno sob a Ótica das Posições Kleinianas"

  O Inconsciente em Cena: Relações Professor-Aluno sob a Ótica das Posições Kleinianas" O ambiente escolar contemporâneo tem se transformado em um campo complexo de interações emocionais intensas, tensões silenciosas e manifestações de comportamentos que escapam às compreensões tradicionais da disciplina e da pedagogia. Professores, diariamente, se deparam com o desafio de ensinar conteúdos curriculares em meio a um mal-estar que ultrapassa as barreiras do pedagógico, alcançando as esferas emocionais e relacionais. A sala de aula, longe de ser apenas um espaço de transmissão de conhecimento, revela-se cada vez mais como um espaço de conflito psíquico e de revelação de aspectos inconscientes tanto dos alunos quanto dos educadores. Diante dessa realidade, é necessário recorrer a olhares mais profundos e complexos para compreendermos o que está em jogo. A psicanálise, especialmente a contribuição de Melanie Klein, oferece ferramentas potentes para pensar os impasses das relaçõe...

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A FORMAÇÃO DO EGO SEGUNDO A MITOLOGIA ROMANA



 A FORMAÇÃO DO EGO SEGUNDO A MITOLOGIA ROMANA

A formação do ego é um tema central tanto na mitologia romana quanto na psicanálise, refletindo as dinâmicas de poder, identidade e controle que moldam a experiência humana. A mitologia romana, repleta de narrativas sobre deuses e heróis, oferece um rico arcabouço simbólico que permite compreender o desenvolvimento psíquico do indivíduo, enquanto a psicanálise fornece uma estrutura teórica que organiza esses elementos em um modelo compreensível.

Na mitologia romana, deidades como Júpiter representam a suprema autoridade e a imposição da ordem sobre o caos, uma analogia clara ao desenvolvimento do ego conforme descrito por Sigmund Freud. Júpiter, como governante do panteão romano, não apenas estabelece leis e normas para os outros deuses e para a humanidade, mas também enfrenta desafios constantes que testam sua posição de poder. Da mesma forma, o ego, na teoria freudiana, é responsável por manter o equilíbrio entre as forças primordiais do id e as exigências morais e sociais do superego.

Freud propõe uma estrutura psíquica composta por id, ego e superego. O id representa os impulsos primitivos e inconscientes, sendo a fonte de desejos e necessidades instintivas, como fome, sede e prazer. O ego, por sua vez, emerge como mediador entre essas forças instintivas e a realidade externa, permitindo que o indivíduo navegue pelo mundo de maneira adaptativa. O superego, por fim, representa a interiorização das normas e valores sociais, funcionando como uma instância reguladora que impõe limites ao comportamento impulsivo do id.

Dentro dessa estrutura, Júpiter pode ser visto como uma personificação do ego, pois é ele quem estabelece limites e ordena o cosmos. Ele se contrapõe a figuras como Baco, o deus do vinho e da loucura, que encarna os desejos descontrolados do id, e a Saturno, um deus ligado à ordem, disciplina e tradição, que pode ser associado à função do superego. Essa leitura da mitologia através do prisma da psicanálise demonstra como os mitos antigos refletem, em um nível simbólico, os conflitos internos que definem a experiência humana.

A estrutura psíquica descrita por Freud e influenciada por mitos e arquétipos antigos continua a ter ressonância na sociedade moderna. O conceito de um ego forte e equilibrado se reflete na busca contemporânea por liderança, autorrealização e controle sobre a própria vida. A narrativa mitológica de Júpiter, que constantemente precisa reafirmar sua posição de poder ao enfrentar desafios e subjugar outras forças, ecoa na cultura atual, onde os indivíduos são incentivados a afirmar sua identidade e exercer autonomia em suas decisões.

Além disso, a relação entre mitologia e psicanálise também pode ser observada no modo como as sociedades modernas estruturam seus padrões de comportamento e identidade. A influência do superego, por exemplo, pode ser percebida na forma como instituições sociais, como religião, família e escola, impõem regras e valores que moldam o desenvolvimento individual. Paralelamente, a presença do id ainda se manifesta em aspectos culturais que valorizam o prazer, a expressão emocional e a satisfação dos desejos.

Assim, a mitologia romana oferece um arcabouço simbólico essencial para compreendermos a dinâmica do ego, um conceito que continua a influenciar as construções psicológicas e sociais do mundo moderno. A interseção entre psicanálise e mitologia revela um ciclo atemporal no qual os mitos fornecem uma linguagem simbólica para descrever as forças psíquicas que operam dentro de cada indivíduo. Dessa forma, o estudo das antigas narrativas mitológicas aliado à psicanálise permite uma compreensão mais profunda das dinâmicas humanas e de sua influência na forma como moldamos nossa própria identidade.

Referências

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CAMPBELL, Joseph.  As máscaras de Deus. Mitologia Ocidental. Tradução Carmen Fischer. - São Paulo: Palas Atenas 1992. 424 p.

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Jung, C. G. (2018). Os arquétipos e o inconsciente coletivo Vol. 9/1. Editora Vozes Limitada.

Lopes, A. J. (2018). Sigmund Freud-O manuscrito inédito de 1931: As aventuras e desventuras de um texto e as ideias desconhecidas de Freud sobre o cristianismo e a sublimação. Estudos de Psicanálise, (50), 39-57.

Monteiro, M. (2023). Medo, Incômodo Permanente e Ressignificação Simbólico-Religiosa:: A morte na visão das religiões judaica, cristã e islâmica. UNITAS-Revista Eletrônica de Teologia e Ciências das Religiões, 11(1).

Urban, E. (2005). Fordham, Jung and the self: a reexamination of Fordham's contribution to Jung's conceptualization of the self. Journal of Analytical Psychology, 50(5), 571-594.

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