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A FORMAÇÃO DO EGO SEGUNDO A MITOLOGIA ROMANA
A FORMAÇÃO DO EGO SEGUNDO A MITOLOGIA ROMANA
A
formação do ego é um tema central tanto na mitologia romana quanto na
psicanálise, refletindo as dinâmicas de poder, identidade e controle que moldam
a experiência humana. A mitologia romana, repleta de narrativas sobre deuses e
heróis, oferece um rico arcabouço simbólico que permite compreender o
desenvolvimento psíquico do indivíduo, enquanto a psicanálise fornece uma
estrutura teórica que organiza esses elementos em um modelo compreensível.
Na
mitologia romana, deidades como Júpiter representam a suprema autoridade e a
imposição da ordem sobre o caos, uma analogia clara ao desenvolvimento do ego
conforme descrito por Sigmund Freud. Júpiter, como governante do panteão
romano, não apenas estabelece leis e normas para os outros deuses e para a
humanidade, mas também enfrenta desafios constantes que testam sua posição de
poder. Da mesma forma, o ego, na teoria freudiana, é responsável por manter o
equilíbrio entre as forças primordiais do id e as exigências morais e sociais
do superego.
Freud
propõe uma estrutura psíquica composta por id, ego e superego. O id representa
os impulsos primitivos e inconscientes, sendo a fonte de desejos e necessidades
instintivas, como fome, sede e prazer. O ego, por sua vez, emerge como mediador
entre essas forças instintivas e a realidade externa, permitindo que o
indivíduo navegue pelo mundo de maneira adaptativa. O superego, por fim,
representa a interiorização das normas e valores sociais, funcionando como uma
instância reguladora que impõe limites ao comportamento impulsivo do id.
Dentro
dessa estrutura, Júpiter pode ser visto como uma personificação do ego, pois é
ele quem estabelece limites e ordena o cosmos. Ele se contrapõe a figuras como
Baco, o deus do vinho e da loucura, que encarna os desejos descontrolados do
id, e a Saturno, um deus ligado à ordem, disciplina e tradição, que pode ser
associado à função do superego. Essa leitura da mitologia através do prisma da
psicanálise demonstra como os mitos antigos refletem, em um nível simbólico, os
conflitos internos que definem a experiência humana.
A
estrutura psíquica descrita por Freud e influenciada por mitos e arquétipos
antigos continua a ter ressonância na sociedade moderna. O conceito de um ego
forte e equilibrado se reflete na busca contemporânea por liderança,
autorrealização e controle sobre a própria vida. A narrativa mitológica de
Júpiter, que constantemente precisa reafirmar sua posição de poder ao enfrentar
desafios e subjugar outras forças, ecoa na cultura atual, onde os indivíduos
são incentivados a afirmar sua identidade e exercer autonomia em suas decisões.
Além
disso, a relação entre mitologia e psicanálise também pode ser observada no
modo como as sociedades modernas estruturam seus padrões de comportamento e
identidade. A influência do superego, por exemplo, pode ser percebida na forma
como instituições sociais, como religião, família e escola, impõem regras e
valores que moldam o desenvolvimento individual. Paralelamente, a presença do
id ainda se manifesta em aspectos culturais que valorizam o prazer, a expressão
emocional e a satisfação dos desejos.
Assim,
a mitologia romana oferece um arcabouço simbólico essencial para compreendermos
a dinâmica do ego, um conceito que continua a influenciar as construções
psicológicas e sociais do mundo moderno. A interseção entre psicanálise e
mitologia revela um ciclo atemporal no qual os mitos fornecem uma linguagem
simbólica para descrever as forças psíquicas que operam dentro de cada
indivíduo. Dessa forma, o estudo das antigas narrativas mitológicas aliado à
psicanálise permite uma compreensão mais profunda das dinâmicas humanas e de
sua influência na forma como moldamos nossa própria identidade.
Referências
Campbell,
J., & Moyers, B. (2022). O poder do mito. Palas Athena Editora.
CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus. Mitologia Ocidental.
Tradução Carmen Fischer. - São Paulo: Palas Atenas 1992. 424 p.
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