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O Inconsciente em Cena: Relações Professor-Aluno sob a Ótica das Posições Kleinianas"

  O Inconsciente em Cena: Relações Professor-Aluno sob a Ótica das Posições Kleinianas" O ambiente escolar contemporâneo tem se transformado em um campo complexo de interações emocionais intensas, tensões silenciosas e manifestações de comportamentos que escapam às compreensões tradicionais da disciplina e da pedagogia. Professores, diariamente, se deparam com o desafio de ensinar conteúdos curriculares em meio a um mal-estar que ultrapassa as barreiras do pedagógico, alcançando as esferas emocionais e relacionais. A sala de aula, longe de ser apenas um espaço de transmissão de conhecimento, revela-se cada vez mais como um espaço de conflito psíquico e de revelação de aspectos inconscientes tanto dos alunos quanto dos educadores. Diante dessa realidade, é necessário recorrer a olhares mais profundos e complexos para compreendermos o que está em jogo. A psicanálise, especialmente a contribuição de Melanie Klein, oferece ferramentas potentes para pensar os impasses das relaçõe...

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A Formação do Ego na Tradição Judaica e sua Relação com a Psicanálise e as Sociedades Contemporâneas

 



A Formação do Ego na Tradição Judaica e sua Relação com a Psicanálise e as Sociedades Contemporâneas

 A formação do ego na tradição judaica pode ser entendida como um processo que combina aspectos espirituais, éticos e sociais, refletindo tanto a relação entre o indivíduo e Deus quanto seu papel dentro da comunidade. Essa dinâmica é profundamente enraizada na responsabilidade pessoal e moral, bem como na busca pelo equilíbrio entre as demandas do eu e as necessidades do coletivo. Quando relacionada à psicanálise e às sociedades contemporâneas, essa perspectiva fornece insights únicos sobre o desenvolvimento da identidade e da subjetividade humana.

No judaísmo, o ego não é visto como uma entidade autônoma, mas como parte de uma realidade maior. A relação com Deus é central para a compreensão do eu, pois o indivíduo é constantemente chamado a refletir sobre suas ações e intenções. Os mandamentos divinos (Mitzvot) funcionam como guias que disciplinam o ego, promovendo a humildade e a responsabilidade. O conceito de "tikkun olam" (reparar o mundo) exemplifica essa abordagem, desafiando o indivíduo a transcender seu egoísmo para contribuir com a justiça social e o bem-estar coletivo.

A tradição judaica também destaca o papel da comunidade na formação do ego. O indivíduo é incentivado a reconhecer sua interdependência com os outros, tanto na vida espiritual quanto na prática cotidiana. Celebrações comunitárias, como o Shabat e as festividades judaicas, reforçam essa ideia ao criar espaços de reflexão e conexão coletiva.

A psicanálise, fundada por Sigmund Freud, oferece uma estrutura teórica para entender o ego como um mediador entre os impulsos inconscientes (id), as demandas sociais (superego) e a realidade externa. Nesse contexto, o ego tem a tarefa de equilibrar desejos conflitantes e encontrar formas adaptativas de lidar com as tensões internas e externas.

Quando relacionada à tradição judaica, a psicanálise pode ser vista como uma ferramenta para explorar os desafios e as transformações do ego no processo de busca por significado e autoaceitação. Por exemplo, o conceito de "tikkun olam" pode ser interpretado como uma manifestação do ego amadurecido, que reconhece sua responsabilidade para com o outro e a sociedade.

Freud, sendo ele próprio de origem judaica, trouxe influências culturais que podem ser percebidas em suas teorias sobre a culpa, o superego e os processos de sublimação. Assim como o judaísmo enfatiza a responsabilidade moral, a psicanálise explora como os conflitos entre desejos pessoais e normas sociais moldam a identidade.

Nas sociedades contemporâneas, marcadas pelo individualismo e pela busca constante por realização pessoal, as perspectivas do judaísmo e da psicanálise sobre o ego oferecem importantes reflexões. O judaísmo desafia as tendências egocêntricas ao destacar o valor da comunidade, da tradição e do compromisso com a justiça social. Ao mesmo tempo, a psicanálise auxilia na compreensão dos conflitos internos que surgem nesse cenário.

A busca por significado, tão presente na tradição judaica, ecoa nas crises existenciais enfrentadas por muitos indivíduos hoje. A necessidade de equilibrar autonomia e pertencimento, desejo e responsabilidade, é um desafio universal que atravessa fronteiras culturais e históricas. A integração desses aspectos é essencial para promover um ego saudável e resiliente.

A formação do ego, vista pela lente do judaísmo e da psicanálise, revela a profundidade e a complexidade do desenvolvimento humano. Enquanto o judaísmo enfatiza a dimensão espiritual e ética do ego, a psicanálise oferece uma compreensão psicológica dos seus conflitos e transformações. Juntas, essas perspectivas proporcionam ferramentas valiosas para enfrentar os desafios das sociedades contemporâneas, promovendo um maior equilíbrio entre o eu, o outro e o mundo.

Referências

Campbell, J., & Moyers, B. (2022). O poder do mito. Palas Athena Editora.

CAMPBELL, Joseph.  As máscaras de Deus. Mitologia Ocidental. Tradução Carmen Fischer. - São Paulo: Palas Atenas 1992. 424 p.

Freud, S. (2020). Sigmund Freud: obras completas (Vol. 17). Wisehouse.

Jung, C. G. (2018). Os arquétipos e o inconsciente coletivo Vol. 9/1. Editora Vozes Limitada.

LIRA, C., CRISTINA, E., FIORINDO, G., FLORIANO, H., MANDELLI, H., GUMIEL, J., ... & MARCONDES, V. A MITOLOGIA ÁRABE E SEUS DESDOBRAMENTOS.

Monteiro, M. (2023). Medo, Incômodo Permanente e Ressignificação Simbólico-Religiosa:: A morte na visão das religiões judaica, cristã e islâmica. UNITAS-Revista Eletrônica de Teologia e Ciências das Religiões, 11(1).

Urban, E. (2005). Fordham, Jung and the self: a reexamination of Fordham's contribution to Jung's conceptualization of the self. Journal of Analytical Psychology, 50(5), 571-594.

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