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A Jornada do Ego: Entre Maat e Isfet – Lições da Mitologia Egípcia para a Psique Humana
A Jornada do Ego: Entre Maat e Isfet – Lições da Mitologia Egípcia para a Psique Humana
A
formação do ego, a partir da mitologia egípcia, oferece uma perspectiva rica e
simbólica para compreendermos a estruturação da psique humana e sua relação com
o universo. No contexto do Egito Antigo, o faraó era visto como um ser divino,
representante dos deuses na terra e mediador da ordem cósmica (Maat). Essa
compreensão de um ego associado ao divino reflete a busca humana pela
transcendência e pela integração entre o material e o espiritual.
Na
mitologia egípcia, a figura do faraó simbolizava o centro da existência, uma
representação concreta de um ego idealizado, que buscava harmonizar as forças
do caos e da ordem. Esse papel pode ser comparado ao processo psíquico de
integração das diferentes partes do self, conforme descrito por teóricos
psicanalíticos como Sigmund Freud e Carl Jung. Freud descreveu o ego como a
instância mediadora entre os impulsos instintivos (Id), as exigências da
realidade externa e os ideais do superego. Por outro lado, Jung identificou o
ego como o centro da consciência, necessário para que o indivíduo navegue no
mundo exterior e na busca pela individuação.
Os
mitos egípcios também abordam a questão da imortalidade e da relação com o
divino. A jornada do faraó para se unir aos deuses após a morte pode ser
interpretada como uma busca pela superação das limitações humanas e pela
continuidade do ser. Na psicanálise, esse anseio é frequentemente associado à
busca de significado e à necessidade de lidar com a finitude, o que permite uma
compreensão mais profunda de si mesmo e do mundo.
Outro
aspecto significativo da mitologia egípcia é a relação entre ordem e caos,
personificados nas figuras de Maat e Isfet. Maat representava a verdade, a
justiça e a harmonia universal, enquanto Isfet simbolizava o caos e a desordem.
Essa dicotomia reflete um dos desafios fundamentais do ego: manter o equilíbrio
entre as tensões internas e externas. O faraó, ao assumir o papel de mediador
entre essas forças, encarnava a função psíquica do ego, que busca integrar os
opostos para preservar a estabilidade e o crescimento.
Atualmente,
a formação do ego continua sendo um tema central na psicologia e na busca pelo
equilíbrio emocional. A mitologia egípcia nos inspira a refletir sobre como os
valores universais, como a harmonia e a conexão com algo maior, ainda ressoam
em nossas experiências. Em um mundo contemporâneo marcado por desafios e
tensões, a ideia de um ego que equilibra o caos e a ordem é mais relevante do
que nunca.
Além
disso, a perspectiva egípcia também nos oferece uma compreensão mais ampla do
papel do ego na relação entre o indivíduo e a comunidade. O faraó não apenas
representava a ordem cósmica, mas também era responsável por garantir a
prosperidade e a coesão social. Essa responsabilidade coletiva pode ser vista
como um paralelo à necessidade moderna de um ego que não seja apenas
autocentrado, mas também consciente de seu impacto no ambiente e nos outros.
Assim,
a mitologia egípcia e a psicanálise convergem ao destacar a importância de um
ego que não apenas organiza a experiência individual, mas também promove a
integração do indivíduo com sua comunidade e o cosmos. Essa perspectiva nos
convida a reconsiderar o papel do ego como mediador não apenas de conflitos
internos, mas também de nosso lugar no universo, mantendo viva a busca por
significados mais profundos e pela harmonia interior.
A
simbologia egípcia, portanto, transcende sua época e cultura ao oferecer uma
narrativa atemporal sobre a jornada humana em direção ao autoconhecimento e à
transcendência. Integrar esses ensinamentos à compreensão moderna do ego pode
enriquecer nosso entendimento sobre a complexidade da psique humana e nossa
conexão com as dimensões mágicas e misteriosas do universo.
Referências
Campbell,
J., & Moyers, B. (2022). O poder do mito. Palas Athena Editora.
Freud,
S. (2020). Sigmund Freud: obras completas (Vol. 17). Wisehouse.
Franchini
A.S. As melhores histórias da mitologia africana/A. S. Franchini & Caren
Seganfredo. – Porto Alegre, Rs: Artes e Ofícios, 2011 3ª edição.
Ford,
C. W. (1999). O herói com rosto africano: mitos da África. Selo Negro.a
Urban,
E. (2005). Fordham, Jung and the self: a re‐examination of Fordham's contribution to
Jung's conceptualization of the self. Journal of Analytical Psychology, 50(5),
571-594.
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