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A formação do Ego segundo a tradição Islâmica
A
formação do Ego segundo a tradição Islâmica
A
formação do ego é um tema central em diversas tradições culturais e
espirituais, e sua compreensão pode ser enriquecida ao explorar as perspectivas
do Islamismo, da psicanálise e da sociedade contemporânea. Embora essas
abordagens pareçam, à primeira vista, divergentes, elas oferecem insights
complementares sobre a estruturação do ego humano e seu papel na vida
individual e coletiva.
No
Islamismo, a formação do ego está intrinsecamente ligada à ideia de submissão à
vontade divina (Islam). O ego, frequentemente associado às inclinações do
"nafs" (o aspecto da alma que busca prazeres mundanos), é visto como
uma fonte de tentações e desvios. Para os muçulmanos, o autocontrole e a
purificação do "nafs" são fundamentais para a conquista da harmonia
interna e da proximidade com Alá. A prática dos Cinco Pilares do Islã – Shahada
(profissão de fé), Salat (oração), Zakat (caridade), Sawm (jejum) e Hajj
(peregrinação) – disciplina o ego ao direcionar as ações humanas para o bem
coletivo e para a lembrança constante de Deus. Essa busca é complementada pela
tazkiyah, ou purificação espiritual, que enfatiza a necessidade de humildade,
generosidade e autoconsciência.
Na
psicanálise, a formação do ego é entendida como um processo complexo de
desenvolvimento psíquico. Segundo Sigmund Freud, o ego surge como um mediador
entre os desejos instintivos do id, as exigências morais do superego e as
demandas da realidade externa. O ego busca equilíbrio, enfrentando constantes
conflitos internos e externos. Para Carl Gustav Jung, o ego é uma parte
importante do self, mas precisa ser transcendido para que o indivíduo alcance
uma integração plena entre consciente e inconsciente. Na visão psicanalítica, a
jornada do ego é marcada por desafios como a repressão, o conflito e a busca
por significado, elementos que também encontram paralelo na tradição islâmica
com a ideia de jihad interna (luta espiritual).
Na
sociedade contemporânea, o ego muitas vezes é incentivado a buscar realização
através do consumo, do status e da identidade individualista. A exposição
constante às mídias sociais e às expectativas sociais pode levar a uma
inflamação do ego, resultando em ansiedade, comparações incessantes e um
sentimento de vazio existencial. No entanto, também é nesse contexto que surgem
movimentos voltados à espiritualidade, ao autoconhecimento e à busca por uma
vida mais significativa. A tradição islâmica e a psicanálise oferecem, nesse
sentido, perspectivas valiosas para contrabalançar a superficialidade
contemporânea, enfatizando a necessidade de autocontrole, reflexão e conexão
com algo maior.
Ao
relacionar essas três perspectivas, percebe-se que o ego não é apenas uma força
individual, mas também social e espiritual. No Islamismo, ele é disciplinado
para alinhar-se à vontade divina; na psicanálise, ele é explorado para entender
os conflitos internos; e na sociedade contemporânea, ele é desafiado por um
mundo que constantemente o coloca em evidência. Apesar das diferenças de
abordagem, todas essas visões apontam para a importância de reconhecer os
limites e as potencialidades do ego como parte essencial da experiência humana.
Referências
Campbell,
J., & Moyers, B. (2022). O poder do mito. Palas Athena Editora.
CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus. Mitologia Ocidental.
Tradução Carmen Fischer. - São Paulo: Palas Atenas 1992. 424 p.
Freud,
S. (2020). Sigmund Freud: obras completas (Vol. 17). Wisehouse.
Jung,
C. G. (2018). Os arquétipos e o inconsciente coletivo Vol. 9/1. Editora Vozes
Limitada.
Lopes,
A. J. (2018). Sigmund Freud-O manuscrito inédito de 1931: As aventuras e
desventuras de um texto e as ideias desconhecidas de Freud sobre o cristianismo
e a sublimação. Estudos de Psicanálise, (50), 39-57.
Monteiro,
M. (2023). Medo, Incômodo Permanente e Ressignificação Simbólico-Religiosa:: A
morte na visão das religiões judaica, cristã e islâmica. UNITAS-Revista
Eletrônica de Teologia e Ciências das Religiões, 11(1).
Urban,
E. (2005). Fordham, Jung and the self: a re‐examination of Fordham's contribution to
Jung's conceptualization of the self. Journal of Analytical Psychology, 50(5),
571-594.
A
formação do ego é um tema central em diversas tradições culturais e
espirituais, e sua compreensão pode ser enriquecida ao explorar as perspectivas
do Islamismo, da psicanálise e da sociedade contemporânea. Embora essas
abordagens pareçam, à primeira vista, divergentes, elas oferecem insights
complementares sobre a estruturação do ego humano e seu papel na vida
individual e coletiva.
No
Islamismo, a formação do ego está intrinsecamente ligada à ideia de submissão à
vontade divina (Islam). O ego, frequentemente associado às inclinações do
"nafs" (o aspecto da alma que busca prazeres mundanos), é visto como
uma fonte de tentações e desvios. Para os muçulmanos, o autocontrole e a
purificação do "nafs" são fundamentais para a conquista da harmonia
interna e da proximidade com Alá. A prática dos Cinco Pilares do Islã – Shahada
(profissão de fé), Salat (oração), Zakat (caridade), Sawm (jejum) e Hajj
(peregrinação) – disciplina o ego ao direcionar as ações humanas para o bem
coletivo e para a lembrança constante de Deus. Essa busca é complementada pela
tazkiyah, ou purificação espiritual, que enfatiza a necessidade de humildade,
generosidade e autoconsciência.
Na
psicanálise, a formação do ego é entendida como um processo complexo de
desenvolvimento psíquico. Segundo Sigmund Freud, o ego surge como um mediador
entre os desejos instintivos do id, as exigências morais do superego e as
demandas da realidade externa. O ego busca equilíbrio, enfrentando constantes
conflitos internos e externos. Para Carl Gustav Jung, o ego é uma parte
importante do self, mas precisa ser transcendido para que o indivíduo alcance
uma integração plena entre consciente e inconsciente. Na visão psicanalítica, a
jornada do ego é marcada por desafios como a repressão, o conflito e a busca
por significado, elementos que também encontram paralelo na tradição islâmica
com a ideia de jihad interna (luta espiritual).
Na
sociedade contemporânea, o ego muitas vezes é incentivado a buscar realização
através do consumo, do status e da identidade individualista. A exposição
constante às mídias sociais e às expectativas sociais pode levar a uma
inflamação do ego, resultando em ansiedade, comparações incessantes e um
sentimento de vazio existencial. No entanto, também é nesse contexto que surgem
movimentos voltados à espiritualidade, ao autoconhecimento e à busca por uma
vida mais significativa. A tradição islâmica e a psicanálise oferecem, nesse
sentido, perspectivas valiosas para contrabalançar a superficialidade
contemporânea, enfatizando a necessidade de autocontrole, reflexão e conexão
com algo maior.
Ao
relacionar essas três perspectivas, percebe-se que o ego não é apenas uma força
individual, mas também social e espiritual. No Islamismo, ele é disciplinado
para alinhar-se à vontade divina; na psicanálise, ele é explorado para entender
os conflitos internos; e na sociedade contemporânea, ele é desafiado por um
mundo que constantemente o coloca em evidência. Apesar das diferenças de
abordagem, todas essas visões apontam para a importância de reconhecer os
limites e as potencialidades do ego como parte essencial da experiência humana.
Referências
Campbell,
J., & Moyers, B. (2022). O poder do mito. Palas Athena Editora.
CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus. Mitologia Ocidental.
Tradução Carmen Fischer. - São Paulo: Palas Atenas 1992. 424 p.
Freud,
S. (2020). Sigmund Freud: obras completas (Vol. 17). Wisehouse.
Jung,
C. G. (2018). Os arquétipos e o inconsciente coletivo Vol. 9/1. Editora Vozes
Limitada.
Lopes,
A. J. (2018). Sigmund Freud-O manuscrito inédito de 1931: As aventuras e
desventuras de um texto e as ideias desconhecidas de Freud sobre o cristianismo
e a sublimação. Estudos de Psicanálise, (50), 39-57.
Monteiro,
M. (2023). Medo, Incômodo Permanente e Ressignificação Simbólico-Religiosa:: A
morte na visão das religiões judaica, cristã e islâmica. UNITAS-Revista
Eletrônica de Teologia e Ciências das Religiões, 11(1).
Urban,
E. (2005). Fordham, Jung and the self: a re‐examination of Fordham's contribution to
Jung's conceptualization of the self. Journal of Analytical Psychology, 50(5),
571-594.
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