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As Mitologias do Oriente Médio: A Mitologia Mesopotâmica e o Desenvolvimento do Ego na Psicanálise
As Mitologias do Oriente Médio:
A
Mitologia Mesopotâmica e o Desenvolvimento do Ego na Psicanálise
A
mitologia mesopotâmica, uma das mais antigas e ricas do mundo, oferece um
panorama fascinante para compreendermos aspectos do desenvolvimento do ego sob
a lente psicanalítica. Através de suas narrativas mitológicas, é possível
explorar os conflitos internos e externos enfrentados pelo ser humano em sua
busca por identidade, transcendência e autoconhecimento.
Uma
das figuras centrais desta tradição é Gilgamesh, o lendário rei de Uruk, cujas
aventuras estão narradas na Epopeia de Gilgamesh, considerada a obra literária
mais antiga da humanidade. Gilgamesh, descrito como dois terços divino e um
terço humano, simboliza o ego em constante tensão entre o desejo por
imortalidade e as limitações impostas pela condição humana. Sua jornada pode
ser interpretada como um processo de individuação, termo cunhado por Carl
Gustav Jung, que descreve o movimento do ego em direção à totalidade psíquica.
No
início da narrativa, Gilgamesh é retratado como um líder tirânico e
egocêntrico, refletindo um ego inflado e desconectado de sua dimensão coletiva
e espiritual. A chegada de Enkidu, seu igual e complementar, marca o primeiro
desafio significativo ao ego de Gilgamesh. Enkidu, criado pelos deuses a partir
da natureza selvagem, representa o outro e a necessidade de integrar aspectos
instintivos e primordiais da psique. Sua amizade profunda transforma Gilgamesh,
despertando nele um senso de empatia e responsabilidade.
A
morte de Enkidu é um evento crucial que catalisa a busca de Gilgamesh por
imortalidade, levando-o a enfrentar forças divinas e sobrenaturais. Esta busca
é permeada por provas que simbolizam os desafios do ego ao confrontar sua
própria finitude e sua relação com o inconsciente coletivo. O encontro com
figuras como Utnapishtim, o sobrevivente do dilúvio, oferece insights sobre a
aceitação da mortalidade e a busca por um legado que transcenda a existência
física.
Na
psicanálise, o ego é frequentemente desafiado por forças do inconsciente, que
podem ser comparadas às forças sobrenaturais da mitologia. Essas narrativas
sugerem que o desenvolvimento do ego exige o reconhecimento de seus limites e a
integração de elementos conscientes e inconscientes da psique. Gilgamesh, ao
final de sua jornada, retorna a Uruk transformado, não mais obcecado pela
imortalidade, mas consciente do valor de sua humanidade e do impacto que pode
deixar em seu reino.
Assim,
a mitologia mesopotâmica nos oferece um arcabouço simbólico rico para
compreender os dilemas e desafios do ego. Ao relacionar essas narrativas à
psicanálise, percebemos como a busca por autoconhecimento e transcendência é um
processo universal, presente tanto nas histórias antigas quanto nas jornadas
individuais contemporâneas.
Referências
Campbell,
J., & Moyers, B. (2022). O poder do mito. Palas Athena Editora.
Freud,
S. (2020). Sigmund Freud: obras completas (Vol. 17). Wisehouse.
Franchini
A.S. As melhores histórias da mitologia africana/A. S. Franchini & Caren
Seganfredo. – Porto Alegre, Rs: Artes e Ofícios, 2011 3ª edição.
Urban,
E. (2005). Fordham, Jung and the self: a re‐examination of Fordham's contribution to
Jung's conceptualization of the self. Journal of Analytical Psychology, 50(5),
571-594.
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