Pular para o conteúdo principal

Destaques

O Inconsciente em Cena: Relações Professor-Aluno sob a Ótica das Posições Kleinianas"

  O Inconsciente em Cena: Relações Professor-Aluno sob a Ótica das Posições Kleinianas" O ambiente escolar contemporâneo tem se transformado em um campo complexo de interações emocionais intensas, tensões silenciosas e manifestações de comportamentos que escapam às compreensões tradicionais da disciplina e da pedagogia. Professores, diariamente, se deparam com o desafio de ensinar conteúdos curriculares em meio a um mal-estar que ultrapassa as barreiras do pedagógico, alcançando as esferas emocionais e relacionais. A sala de aula, longe de ser apenas um espaço de transmissão de conhecimento, revela-se cada vez mais como um espaço de conflito psíquico e de revelação de aspectos inconscientes tanto dos alunos quanto dos educadores. Diante dessa realidade, é necessário recorrer a olhares mais profundos e complexos para compreendermos o que está em jogo. A psicanálise, especialmente a contribuição de Melanie Klein, oferece ferramentas potentes para pensar os impasses das relaçõe...

Compartilhe:

Marcadores

As Mitologias do Oriente Médio: A Mitologia Mesopotâmica e o Desenvolvimento do Ego na Psicanálise



 As Mitologias do Oriente Médio:

A Mitologia Mesopotâmica e o Desenvolvimento do Ego na Psicanálise

A mitologia mesopotâmica, uma das mais antigas e ricas do mundo, oferece um panorama fascinante para compreendermos aspectos do desenvolvimento do ego sob a lente psicanalítica. Através de suas narrativas mitológicas, é possível explorar os conflitos internos e externos enfrentados pelo ser humano em sua busca por identidade, transcendência e autoconhecimento.

Uma das figuras centrais desta tradição é Gilgamesh, o lendário rei de Uruk, cujas aventuras estão narradas na Epopeia de Gilgamesh, considerada a obra literária mais antiga da humanidade. Gilgamesh, descrito como dois terços divino e um terço humano, simboliza o ego em constante tensão entre o desejo por imortalidade e as limitações impostas pela condição humana. Sua jornada pode ser interpretada como um processo de individuação, termo cunhado por Carl Gustav Jung, que descreve o movimento do ego em direção à totalidade psíquica.

No início da narrativa, Gilgamesh é retratado como um líder tirânico e egocêntrico, refletindo um ego inflado e desconectado de sua dimensão coletiva e espiritual. A chegada de Enkidu, seu igual e complementar, marca o primeiro desafio significativo ao ego de Gilgamesh. Enkidu, criado pelos deuses a partir da natureza selvagem, representa o outro e a necessidade de integrar aspectos instintivos e primordiais da psique. Sua amizade profunda transforma Gilgamesh, despertando nele um senso de empatia e responsabilidade.

A morte de Enkidu é um evento crucial que catalisa a busca de Gilgamesh por imortalidade, levando-o a enfrentar forças divinas e sobrenaturais. Esta busca é permeada por provas que simbolizam os desafios do ego ao confrontar sua própria finitude e sua relação com o inconsciente coletivo. O encontro com figuras como Utnapishtim, o sobrevivente do dilúvio, oferece insights sobre a aceitação da mortalidade e a busca por um legado que transcenda a existência física.

Na psicanálise, o ego é frequentemente desafiado por forças do inconsciente, que podem ser comparadas às forças sobrenaturais da mitologia. Essas narrativas sugerem que o desenvolvimento do ego exige o reconhecimento de seus limites e a integração de elementos conscientes e inconscientes da psique. Gilgamesh, ao final de sua jornada, retorna a Uruk transformado, não mais obcecado pela imortalidade, mas consciente do valor de sua humanidade e do impacto que pode deixar em seu reino.

Assim, a mitologia mesopotâmica nos oferece um arcabouço simbólico rico para compreender os dilemas e desafios do ego. Ao relacionar essas narrativas à psicanálise, percebemos como a busca por autoconhecimento e transcendência é um processo universal, presente tanto nas histórias antigas quanto nas jornadas individuais contemporâneas.

Referências

Campbell, J., & Moyers, B. (2022). O poder do mito. Palas Athena Editora.

Freud, S. (2020). Sigmund Freud: obras completas (Vol. 17). Wisehouse.

Franchini A.S. As melhores histórias da mitologia africana/A. S. Franchini & Caren Seganfredo. – Porto Alegre, Rs: Artes e Ofícios, 2011 3ª edição.

Urban, E. (2005). Fordham, Jung and the self: a reexamination of Fordham's contribution to Jung's conceptualization of the self. Journal of Analytical Psychology, 50(5), 571-594.

Comentários

Postagens mais visitadas