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Djins e Heróis: A Mitologia Árabe Pré-Islâmica sob a Lente da Psicanálise e sua Relevância no Mundo Moderno
Djins e Heróis: A Mitologia Árabe Pré-Islâmica sob a Lente da Psicanálise e sua Relevância no Mundo Moderno
A
mitologia árabe pré-islâmica é uma janela fascinante para compreender as
crenças, valores e dinâmicas psicológicas das sociedades que habitavam a
Península Arábica antes da ascensão do Islamismo. Repleta de histórias de
deuses, heróis e forças sobrenaturais, essa mitologia reflete uma visão de
mundo que entrelaçava os aspectos espiritual, social e psicológico da vida
humana. Quando analisada sob a ótica da psicanálise, torna-se evidente que
essas narrativas oferecem insights profundos sobre a formação e os conflitos do
ego humano, bem como sobre os desafios da existência na sociedade
contemporânea.
Na
mitologia árabe pré-islâmica, o panteão de deuses e espíritos (como os Djins)
personificava aspectos psicológicos e emocionais dos indivíduos. Deidades como
Al-Lat, Manat e Al-Uzza eram não apenas veneradas, mas também representações
simbólicas de forças naturais e sociais que moldavam a vida das comunidades.
Esses símbolos podem ser interpretados como arquétipos do inconsciente
coletivo, nos termos de Carl Jung, fornecendo um mapa para o desenvolvimento do
ego humano.
Os
heróis das histórias árabes, frequentemente associados a virtudes como honra e
coragem, enfrentavam dilemas que espelhavam os conflitos internos dos
indivíduos. Por exemplo, o conceito de "muruwa" (uma forma de código
de honra pré-islâmico) exigia que o indivíduo equilibrasse suas necessidades
pessoais com as expectativas sociais. Na psicanálise, isso pode ser comparado à
luta entre o id (desejos instintivos), o ego (o mediador) e o superego (normas
internalizadas). Assim, as narrativas heroicas não eram apenas aventuras
épicas, mas também representações simbólicas do processo de autocompreensão e
autoafirmação.
Os
djins, seres sobrenaturais que habitam o mesmo mundo que os humanos, podem ser
interpretados como manifestações do inconsciente humano. Muitas vezes
imprevisíveis, esses espíritos eram considerados responsáveis por eventos
inexplicáveis e influências invisíveis, ecoando a ideia freudiana de que forças
inconscientes moldam grande parte de nossas ações e emoções. No mundo
contemporâneo, essa analogia permanece relevante, especialmente quando tentamos
compreender os aspectos ocultos de nossa psique que influenciam nossas escolhas
e comportamentos.
Embora
a mitologia árabe pré-islâmica tenha perdido muito de sua influência direta com
a disseminação do Islamismo, seus símbolos e temas continuam a ressoar na
cultura moderna, tanto no Oriente Médio quanto além. No mundo contemporâneo,
marcado por crises de identidade, conflitos culturais e pressões sociais, as
histórias antigas oferecem lições valiosas sobre o equilíbrio entre o indivíduo
e o coletivo.
A
psicanálise, que busca desvendar os mistérios do inconsciente, encontra um
terreno fértil nas narrativas mitológicas. A coragem dos heróis árabes, por
exemplo, pode inspirar o enfrentamento das ansiedades modernas, enquanto a
complexidade dos djins reflete os desafios de lidar com as forças inconscientes
em um mundo cada vez mais racionalista.
A
mitologia árabe pré-islâmica, com sua riqueza de símbolos e narrativas, não
apenas revela os valores e crenças de uma época, mas também proporciona uma
lente através da qual podemos explorar questões psicológicas atemporais. Ao
conectarmos essas histórias à psicanálise, percebemos que os dilemas
enfrentados pelas sociedades antigas são surpreendentemente semelhantes aos que
enfrentamos hoje. Nesse sentido, a mitologia não é apenas um relicário do
passado, mas também uma ferramenta para compreender o presente e moldar o
futuro.
Referências
Campbell,
J., & Moyers, B. (2022). O poder do mito. Palas Athena Editora.
CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus. Mitologia Ocidental.
Tradução Carmen Fischer. - São Paulo: Palas Atenas 1992. 424 p.
Freud,
S. (2020). Sigmund Freud: obras completas (Vol. 17). Wisehouse.
Jung,
C. G. (2018). Os arquétipos e o inconsciente coletivo Vol. 9/1. Editora Vozes
Limitada.
LIRA,
C., CRISTINA, E., FIORINDO, G., FLORIANO, H., MANDELLI, H., GUMIEL, J., ...
& MARCONDES, V. A MITOLOGIA ÁRABE E SEUS DESDOBRAMENTOS.
Urban,
E. (2005). Fordham, Jung and the self: a re‐examination of Fordham's contribution to
Jung's conceptualization of the self. Journal of Analytical Psychology, 50(5),
571-594.
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