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A ESTAMPAGEM OU MARCAS DAS EXPERIÊNCIAS
A ESTAMPAGEM OU MARCAS DAS EXPERIÊNCIAS
SEGUNDO JOSEPH CAMPBELL
Professor Gabriel G.
Oliveira, Filósofo e Psicanalista
O tempo e as nossas experiências cotidianas nos deixam marcas que, em muitos casos, podem influenciar de forma negativa os nossos mais diversos relacionamentos. Desde muito cedo em nossas vidas somos impactados por acontecimentos que podem ser representados como verdadeiras feridas, em alguns momentos a partir de experiências factuais, às vezes na imagem que elaboramos a respeito de nós mesmos e do mundo que nos rodeia. Sofrimentose alegrias podem ser “gravados” em nossas mentes como verdadeiras marcas[1]. Por esse motivo é importante termos conhecimentos de certos fatos marcantes em nossas vidas.
Em sua obra as Máscaras de Deus, especificamente no livro Mitologia Primitiva,
Campbell faz uma relação entre sofrimento e êxtase, essas duas experiências
muito presentes nas vidas humanas, tornam-se fundamentais para a organização
psicológicas dos indivíduos. Através de certas experiências que, “sofrer é
sentir dor física ou moral, padecer, ter
resistência a; aguentar, suportar”. E o êxtase é um “estado de quem se encontra
como que transportado para fora de si e do mundo sensível, por efeito de
exaltação mística ou de sentimentos muito intensos de alegria, prazer,
admiração, temor reverente etc.”[2] Talvez, em algum momento de
sua vida, você já tenha experimentado algo com muita intensidade. Seja em
momento de extrema alegria, ou de muita dor. (Campbell, 1992).
Segundo Campbell (1992),
as “marcas comuns às mitologias têm a sua origem no que é grave e
constante”. E a marca principal é o sofrimento, o que ele julga ser a matéria
prima da tragédia. Isto nos faz lembrar a importância da tragédia na formação
dos homens gregos. Podemos encontrar o relato de várias tragédias no
desenvolvimento dos mitos gregos. Um dos mais famosos é o relato do episódio de
Édipo Rei. Nessas tragédias encontramos os efeitos de determinadas ocorrências
envolvendo o sofrimento humano. O que é relatado pelas tragédias, tem a função
de realizar a catarse, a purgação das emoções, sobretudo no que tange a compaixão
e o terror. Dizia Aristóteles, que do ponto de vista psicológico a catarse tem
o poder de agir como uma purificação do espírito.
Conforme Campbell (1992), o “rito por alterar o
foco da mente, a tragédia transmuta o sofrimento em êxtase. Nesse sentido, os
rituais presentes nos mitos exercem a função de auxiliar o homem a lidar com o
sofrimento”. Ao realizarem seus rituais, os seres humanos da era mitológica
“uniam-se em compaixão trágica com o sofrimento do outro”. A exaltação
presentes nos rituais, em que ao lidar com o sofrimento, tinha o sentido de
levar o ser humano ao estado de êxtase e, ao atingir esta condição o homem
passa a acreditar que seu espírito seria capaz de transcender as fronteiras
normais da experiência humana.
Em algumas culturas sempre existiu a crença de
que a verdadeira sabedoria era adquirida através do sofrimento, da privação,
condição fundamental para a abertura da mente para a totalidade. Nesta
situação, o sofrimento torna-se o apogeu da vida humana. Ele é capaz de levar o
ser humano a estabelecer uma relação com o mistério do seu ser. Com a mente
aberta à profundidade de sua existência.
“Eis aqui a causa secreta conhecida não sob o
estado de terror, mas de êxtase. E o seu único admirador é o espírito
totalmente purificado, que ultrapassou as fronteiras normais da experiência
humana, do pensamento e da fala, ‘ali onde o olho não chega’, lemos no Kena
Upanisad da India, ‘a fala não chega e tampouco a mente’ (Campbell, 1992). A
verdadeira sabedoria está longe ao ser humano, fora na vasta solidão e pode ser
alcançada apenas através do sofrimento. Apenas a privação e o sofrimento podem
abrir A mente do ser humano a tudo o que está escondido.
A experiência de sofrimento e êxtase leva o ser
humano a entender melhor o sentido de sua existência. Em muitos casos, a
experiência vivenciada no ritual, sobretudo, a experiência do êxtase em relação
à a ideia de morte e ressureição, não são utilizadas para enganar, ser o ópio
do povo, mas torna-se o tema supremo da mitologia que não é o tema da agonia da
busca, mas o êxtase da revelação. Portanto, sofrimento e êxtase são as marcas,
ou melhor, a estampagem da experiência de vida e de morte.
Referência
CAMPBELL, Joseph. As máscaras de Deus. Mitologia primitiva.
Tradução Carmen Fischer. - São Paulo: Palas Atenas 1992. 424 p.
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